Vermelho Monet: conheça mais sobre o filme dirigido pelo cineasta cearense Halder Gomes
Por Redação 085 - Conexão085
Estrelado pelos atores Chico Diaz, Maria Fernanda Cândido e Samantha Müller, Vermelho Monet é um filme do gênero drama, dirigido por Halder Gomes, diretor cearense nascido na cidade de Fortaleza. Responsável por grandes cinematografias de comédia do cinema cearense, o cineasta conta a equipe do Conexão 085 um pouco mais sobre sua nova obra e como sua trajetória foi fluente para o desenvolvimento do filme.
O longa que gira em torno do pintor especializado em corpos femininos, Johannes Van Almeida (Chico Díaz), que sofre com problemas em sua visão, encontra a atriz estrangeira Florence Lizz (Samantha Müller), que está passando por dificuldades em sua vida profissional.
A trama do filme se passa em torno de Johannes e sua inspiração pela jovem. Mas a encantadora Florence não é inspiração apenas para o pintor, Antoinette Lefèvre (Maria Fernanda Cândido), marchand de arte, também se interessa pela jovem. A história gira em torno de três personagens e aborda uma crítica social sobre a transformação de obras artísticas em mercadorias.
Criação da Obra
O diretor Halder Gomes conta que o Vermelho Monet é um acúmulo de uma vida inteira, no caso do diretor, de uma grande paixão pelas artes plásticas que surgiu ainda na sua infância. Crescendo em um mundo de leitura, estudo, pesquisas, pintura, viagens para museus e visita às exposições, foi sua base para a criação do longa. “Isso faz parte da minha vida como uma grande paixão e obviamente que o acumulado desse universo por muito tempo ele explode num desejo de levar isso as telas, então Vermelho Monet vem de uma necessidade de transformar em filme todas essas vivências, de transpor para a tela tudo aquilo que os meus olhos já viram e todos os sentimentos que eu já tive provocados pela pintura.” explica Halder Gomes.
Com uma vida imersa na arte, Halder conta que sua referência é a pintura, que desenvolve a dramaturgia a esse universo. O filme nasce a partir de um olhar de uma pintura onde uma época, estilo e movimento se casam para contribuir com a estética e a história da arte que a produção audiovisual possui.
Halder ainda conta ao Conexão que suas produções não possuem um visual único e que prefere trazer um estilo para cada uma. “O estilo de cada filme depende do que a história propõe, que linguagem vai ser abordada, como vai ser essa estética, isso tá atrelado a dramaturgia, ao período que o filme acontece, enfim tem vários fatores que levam a definição de um estilo”.
Experiência ao expectador
O diretor traz em seu filme uma experiência única ao público, já que ele considera o filme como uma viagem que percorre uma diversidade estética juntamente com a trilha sonora, como se fosse um passeio em um museu em que você transita de um lugar para o outro mudando a estética, a paleta de cores e as experiências sensoriais. Halder ainda conta que tinha como desejo levar uma experiência de quem visualiza uma pintura, possibilitando a compreensão de diversas formas e camadas.
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Principais desafios
O diretor comenta que o maior desafio de Vermelho Monet foi romper o rótulo de que ele era capaz apenas de produzir filmes de comédia e provar aos investidores do projeto que o rótulo pode ser quebrado e que ele possui a capacidade de mostrar outra proposta de filme que ele deseja retratar mais daqui para frente. O diretor afirma que comédia e drama fazem parte de seus pensamentos e que ambos se remetem a lembranças suas transformadas em obras cinematográficas.
“Filos que transitam em universos completamente opostos que aparentemente pra quem não me conhece pode achar discrepante esses mundos, mas, na verdade, são universos que estão imersos na minha personalidade em quem eu sou, dos mundos que eu vivo […] se por um lado o Cine Holliúdy é um recorte autobiográfico de lembranças da minha vida, nas exibições mambembes no interior do Ceará, falando de Cine Holliúdy especificamente, Vermelho Monet é um recorte da minha vida, em museus e exposições, na pintura, em estudos e tudo que envolve e tudo que envolve esse mundo das artes plásticas”, comenta o diretor.
Escolha do elenco
Outro desafio indicado pelo diretor foi encontrar atores capazes de vivenciar aqueles personagens tão complexos e profundos.” Para o pintor, no caso Johannes, interpretado pelo Chico Diaz, Era crucial que fosse alguém que entendesse de pintura, e Chico Diaz é um exímio pintor, ele conhece profundamente o universo da pintura e sabe quais são as angústias daquele personagem […] Maria Fernanda Cândido é a personagem que precisava encontrar que desse esse ar cosmopolita e essa sensação dessa mulher empoderada que cruza a linha do que é o poder em busca dos seus objetivos[…] E outro grande desafio foi encontrar a atriz, no caso a Samantha Müller, que faz a Florence, que é essa personagem que vai transitar e vai ser o pavio desse triângulo, que envolve Maria Fernanda Cândido e Chico Diaz”.
O diretor também comenta sobre a procura dele por uma atriz que até então fosse pouco conhecida para interpretar a personagem Florence Lizz “Eu queria encontrar um rosto que fosse novo que não tivesse sido exposto ainda, foi muito difícil encontrar e por sorte a Samantha Müller, era essa pessoa certa, na hora certa para representar uma atriz que eu não queria um rosto conhecido no meio dos outros dois e foi perfeita por que trazia uma experiência e um frescor ainda não revelados”, ressalta o diretor.
Construção de uma trilogia
Vermelho Monet é o primeiro filme de uma trilogia feita pelo diretor e através de seu Instagram, confirmou que uma sequência da obra está em desenvolvimento “Pode ser que até lá façamos umas 4 comédias caceteiras antes – ou mais -, mas o certo é que Azul Vermeer começa dar seus primeiros passos formais embrionários”, destaca Halder em sua rede social.
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Prêmios
A obra foi vencedora de prêmios como: melhor filme, melhor direção e melhor ator, durante a 13ª edição do FESTin Lisboa em dezembro de 2022. Além de prêmios em Festival de Cinema de Recife e Festival de Cinema Itinerante da Língua Portuguesa.
Sobre Halder Gomes
Nascido em 15 de fevereiro de 1967 na cidade de Fortaleza no estado do Ceará, Halder Gomes teve o primeiro contato com o cinema ainda na infância e que embora isso fosse algo distante de sua realidade, ao longo do tempo ele foi se aproximando cada vez mais do cinema e os filmes que ele assistia lhe inspiraram a praticar artes marciais “As artes marciais me deram a expertise para poder começar a minha carreira como dublê em filmes de luta em Los Angeles na década de 90, então o filme de arte marcial do Bruce Lee provocou essa paixão que me levou as artes maciais e elas me levaram ao cinema e o meu cinema leva muita arte marcial presente nas histórias que eu conto, então é uma história que se retroalimenta de paixões e que um dia se tornou realidade”, afirma Halder.
Seu primeiro longa foi o filme Sunland Heat – No calor da terra do sol (2004) que teve seu lançamento em home vídeo. O diretor também dirigiu filmes como: Cine Holliúdy(2013), O Shaolin do Sertão(2016), Bem-Vindo a Quixeramobim(2022), Os Parças(2017), As Mães de Chico Xavier (2011) filme na qual foi codirigido por Glauber Filho.
3 de agosto de 2024 às 11:10