UFC produz concreto sustentável a partir de resíduos do Porto do Pecém

Por Redação 085 - Conexão085

Concreto sustentável dispensa uso de cimento e materiais naturais, como areia e brita. Foto: Divulgação.

Alunos de pós-graduação na Universidade Federal do Ceará (UFC) produziram, no Laboratório de Materiais de Construção Civil, o primeiro concreto do Ceará 100% sustentável. O composto não possui cimento e nem materiais naturais, como areia e brita, na composição.

A pesquisa iniciou com a produção de cimentos álcali-ativados, feitos com resíduos de cinzas da termelétrica do Pecém e da Companhia Siderúrgica do Pecém. Os novos compostos possuem como vantagem, além da sustentabilidade, uma reação mais rápida que a mistura comum de concreto.

De acordo com o coordenador do Laboratório, Prof. Eduardo Cabral, a produção do cimento do tipo portland, encontrado nas lojas de construção, por exemplo, lança grandes quantidades de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera. Já a extração de areia gera impactos ambientais como desmatamento e dragagem do leito de rios, afetando a fauna e a flora. E a produção de britas demanda a detonação de rochas, alterando a paisagem.

Por outro lado, o cimento e o concreto produzidos pelo laboratório são feitos a partir dos restos das atividades da indústria no Pecém. O cimento álcali-ativado foi elaborado com as cinzas oriundas da queima do carvão que alimenta a termelétrica. Já a substituição dos materiais naturais usados como agregados no concreto ocorre com a aplicação de resíduo da produção de aço da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP).

Outra vantagem do concreto sustentável é a reação mais rápida que a mistura comum de concreto. “Você tem ganho de resistências enormes em poucas horas”, ressalta o professor. Os testes mostraram que em três dias o concreto sustentável consegue os resultados que a mistura normalmente utilizada (cimento, brita, areia e água) leva sete dias para alcançar.

Apesar de não haver um cálculo exato de custos do novo composto, o professor estima que inicialmente será um valor mais alto que o do concreto comumente usado. “Todo material inicial tem esse tipo de problema (….) Isso se resolve ganhando utilidade, e o preço [com o tempo] cai”, avalia Eduardo Cabral, líder do grupo de pesquisa em Materiais de Construção e Estruturas.

As pesquisas foram conduzidas por alunos do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil – Estruturas e Construção Civil (PEC) e do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia dos Materiais (PPGEM) da UFC. Os estudos seguem avançando com o desenvolvimento de dissertações no PEC/UFC e de trabalhos de conclusão de curso em Engenharia Civil, no Campus de Crateús.

18 de abril de 2022 às 9:42

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