Sítio Histórico do Patu, que guarda a memória dos retirantes da seca no Ceará, será tombado
Por Redação 085 - Conexão085
O tombamento definitivo do Sítio Histórico do Patu, no município cearense de Senador Pompeu, foi aprovado pelo Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural do Estado do Ceará (Coepa), nesta segunda-feira (8), em reunião extraordinária na Biblioteca Pública Estadual do Ceará (Bece).
Na década de 1930, a área foi utilizada para instalação de um campo de concentração, que tinha o propósito de reter os retirantes que iam para Fortaleza para fugir da seca. Dos sete campos de concentração do estado, este foi o segundo maior, com uma população de 20 mil pessoas.
Com isso, o sítio histórico, que já tinha o tombamento municipal, recebe agora a proteção em nível estadual. O tombamento é resultado de uma parceria entre o titular da Secretaria da Cultura do Estado (Secult), Fabiano Piúba; o reitor do IFCE, Wally Menezes; o prefeito de Senador Pompeu, Maurício Pinheiro; e o deputado estadual Acrísio Sena.
“Que honra participar desse momento histórico para a cultura do Ceará. É a memória de um fato histórico lamentável que não deve nunca mais se repetir, porém ser lembrado eternamente”, relata o deputado, que também é historiador e vice-presidente da Comissão de Cultura da Assembleia Legislativa.
Jessica Ohara, coordenadora de Patrimônio Cultural e Memória da Secult, explica que o tombamento é um importante marco na valorização da memória sensível do Ceará, fazendo com que os flagelados e vítimas da seca sejam lembrados e valorizados pelo Estado.
“Quando há o tombamento, acontecem restrições, que não podem haver destruições, mutilações, novas construções sem a autorização da Secult. E também, dentro das nossas recomendações, nós vamos trabalhar a possibilidade de prospecção arqueológica no campo, conselhos comunitários, e colaboração com outros órgãos e entidades governamentais”, aponta a restauradora.
O secretário da Cultura Fabiano Piúba reflete que, para além do patrimônio material e edificado do Sítio Patu, esse tombamento “também traz a dimensão da memória, da história desse lugar como referências importantes, porque traz ali conceitos importantes como o da memória sensível, onde aspectos de injustiça social, de violência, de descasos com as pessoas não possam ser mais pensados como algo para a nossa sociedade.”
Com relação ao que o futuro guarda, o titular da Secult antecipa que “o tombamento ele não termina em si, a partir daí tem um plano de desenvolvimento, um plano de gestão que reúne sociedade, a Prefeitura Municipal de Senador Pompeu e agora o Governo do Estado, por meio da Secretaria da Cultura”.
9 de agosto de 2022 às 11:13
