Foto: Reprodução/Site/SistemaFIEC

Consolidando temas estratégicos para a indústria e para a promoção da saúde dos trabalhadores, a Casa da Indústria realizou, ao longo desta terça-feira (29), o IV Seminário de Saúde e Segurança do Trabalho. Promovido pelo SESI Ceará, o evento reuniu especialistas, gestores e representantes do setor industrial para debater, entre outros assuntos, como a transformação digital pode fortalecer construção de ambientes laborais mais seguros, sustentáveis e eficientes.

Ao abordar os conceitos de inovação aplicados à saúde e segurança do trabalho, o economista-chefe do Sistema FIEC e gerente do Observatório da Indústria, Guilherme Muchale, comandou o painel Inteligência de Dados para Tomada de Decisão em SST.

“A incorporação de tecnologias digitais é fundamental, pois o volume de dados disponíveis é tão grande que a análise manual se torna inviável para auxiliar na tomada de decisões. O crescimento exponencial da quantidade de informações exige o constante emprego de novos métodos para o processamento e armazenamento adequado”, explicou.

Entre os cases de sucesso através do uso de Inteligência Artificial visando a rápida decisão para a prevenção de acidentes e monitoramento ambiental, Guilherme citou o Observatório Analítico de Acidentes de Trabalho. “Esse estudo permite um mapeamento detalhado por estado, gênero, faixa etária, agente causador, tipo de lesão e parte do corpo atingida. Essa base pública de dados, atualizada com os números de 2024, possibilita comparações com empresas do mesmo setor, ajudando tanto a evidenciar boas práticas quanto a identificar pontos críticos”.

Dentro do mesmo painel, Muchale também abordou a chamada Ergonomia 4.0, apresentando o case da Fiat Chrysler Automóveis, em Betim (MG), que utiliza termografia, exoesqueletos e robôs colaborativos para avaliação e melhoria dos postos de trabalho. A iniciativa integra inovação tecnológica ao cuidado com o trabalhador, otimizando processos e prevenindo riscos.

Gestão e liderança em foco

Encerrando a programação no auditório principal, Diego Carvalho, líder do Fórum de SST da AECIPP e coordenador de Saúde e Segurança do Grupo Aço Cearense, compartilhou a experiência do setor industrial instalado no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), responsável por 92% do PIB da região e pela geração de mais de 100 mil empregos diretos e indiretos.

Durante sua fala, destacou a importância de competências em orçamento, planejamento, indicadores e estratégia para gestores da área. “É importante refletir sobre a transição da atuação técnica para a gestão. Frequentemente, a formação universitária não oferece disciplinas específicas para o desenvolvimento de habilidades gerenciais. Por isso, é fundamental buscarmos alternativas para aprimorar esse conhecimento”.

Saúde corporativa

Outro destaque do evento foi o painel Saúde Suplementar na Gestão de Saúde Corporativa e o Movimento Empresarial pela Saúde (MES), mediado pelo médico Alexandre de Lima Santos, coordenador de SST do SESI Ceará. A mesa reuniu Cristiano Gomes (Vicunha Têxtil), Greyce Guasselli (SESI Nacional) e Francisco Assis Santos (UNIMED Fortaleza), promovendo uma troca de experiências sobre os desafios na articulação entre empresas, operadoras de saúde e trabalhadores, principalmente no período pós-pandemia.

Segundo o mediador, um dos maiores desafios nesse sentido é estabelecer um equilíbrio entre os diferentes tipos de relações. “Existe a relação de emprego entre uma indústria e o seu conjunto de trabalhadores; outra de custeio entre o contratante com a operadora de saúde; e uma terceira, que é a do consumo dos funcionários que desfrutam de planos e benefícios de saúde através dos prestadores desse serviço. Apesar dos entraves, é possível criar uma troca dinâmica, visando a sustentabilidade do próprio sistema e o bem do ser humano”, disse Alexandre.

Saúde mental e riscos psicossociais

O engenheiro Bertran Rodrigues, da Unidade de Saúde e Segurança para a Indústria (UNISSIN) do SESI Ceará, abordou os riscos psicossociais no ambiente de trabalho, à luz da nova Norma Regulamentadora Nº 1, alinhada à Estratégia Nacional do SESI. Ele destacou a importância da integração entre Recursos Humanos, SST e lideranças como tríade essencial para a gestão de pessoas com foco na saúde mental.

Boas práticas industriais

Em outros painéis, Guilherme Penna (SESI Minas Gerais) apresentou estratégias para Gestão de Terceiros e Governança em SST, enquanto Pedro Fernandez (UNIMED Fortaleza) e Juliana Melgaço (Vicunha Têxtil) abordaram a integração entre saúde ocupacional e saúde populacional, reforçando a importância de ações preventivas. Já Flávio Camperlingo (FORTESCUE) compartilhou a experiência da empresa no projeto de energia verde no Complexo do Pecém, com foco em segurança desde a fase de implantação.

Programação técnica paralela

Além das apresentações no auditório principal, o seminário contou com uma programação técnica simultânea no Auditório José Flávio. Os temas abordaram desde higiene ocupacional, Inteligência Artificial em SST, qualidade de vida e longevidade, até ESG no saneamento, transição energética, compliance trabalhista e investimentos sustentáveis.

Entre os palestrantes, deram suas contribuições: Rodrigo Nogueira (Centro de Inovação SESI Ceará), Wigor Florêncio (AEGEA Ambiental), Felício Santos (ENERGO), Roberto Wagner Machado (CEGÁS), Roberto César Moura (ABHO), Douglas Ricardo Souza (Grupo Edson Queiroz), Silas Maia Conrado (ISM Gomes de Mattos), entre outros representantes da indústria e do setor público.

30 de julho de 2025 às 15:49