Pesquisadores da UFC estudam substância antidepressiva
Por Redação 085 - Conexão085
A riparina 3 é uma substância alcaloide presente na árvore amazônica Aniba riparia, conhecida por louro ou louro-rosa, que vem sendo investigada há alguns anos por pesquisadores do Laboratório de Neurofarmacologia da Universidade Federal do Ceará, em parceria com grupos das Universidades Federais da Paraíba e do Piauí.
Em 2021, os pesquisadores publicaram um estudo pré-clínico no European Journal of Pharmaceutical Sciences, no qual apontam o potencial da riparina como antidepressivo. Os estudos pré-clínicos são realizados com animais e constituem parte importante – ainda que inicial – de qualquer processo de desenvolvimento de medicamentos.
No estudo, um grupo de cobaias recebeu a riparina via oral, diluída em água destilada, enquanto outro grupo recebeu apenas água destilada, servindo como controle. Ambos foram submetidos a situações de estresse, às quais respondiam com comportamento semelhante à depressão.
Após uma série de testes e estímulos, o grupo que recebeu a riparina mostrou-se muito mais resistente à depressão induzida por estresse do que o grupo controle.
Primeiro passo
A professora Cléa Florenço, coordenadora da pesquisa, enfatiza que a depressão é um grande desafio para a medicina, daí a importância de se buscar novas drogas. “Ainda existe um percentual entre 30% e 40% de pacientes que não respondem bem aos antidepressivos que temos no mercado”, explica.
O número fala por si só, mas não é o único motivo para a procura por novas opções de tratamento. “Os antidepressivos que temos no mercado ainda têm uma resposta muito retardada. Geralmente, eles levam uma ou duas semanas, às vezes até um mês, para iniciar o efeito”, diz a Profª Cléa. Some-se a isso os efeitos colaterais da medicação, como sonolência e disfunção sexual, dentre outros.
O caminho para encontrar essas novas drogas, no entanto, é longo. Depois da pesquisa pré-clínica, é necessário analisar toxicidade, segurança e eficácia da droga. A seguir, inicia-se uma série de testes clínicos (realizados em humanos), o que pode levar anos. Somente depois disso, um medicamento é passível de ter o uso autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
19 de janeiro de 2022 às 10:55