O Impacto da Tecnologia no Mercado Imobiliário

O mercado imobiliário tem passado por mudanças importantes

Por Redação 085 - Conexão085

Foto: Divulgação

O mercado imobiliário tem passado por mudanças importantes nos últimos anos, impulsionadas pela transformação digital. Para entender melhor esse cenário, o Conexão 085 ouviu o especialista Luciano Oliveira, MBA em Gestão pela Universidade da Califórnia/Irvine, que analisou os impactos das novas tecnologias no setor e traçou projeções para o futuro.

Segundo ele, “o mercado imobiliário é um dos setores mais tradicionais que possui um índice de transformação digital das imobiliárias e construtoras ainda baixo a moderado quando comparado a outros segmentos, como o financeiro ou o varejo online. Isso acontece porque o setor convive com algumas dores históricas: burocracia excessiva, com grande volume de papelada, cartórios e assinaturas presenciais; processos lentos e fragmentados, em que da prospecção até a escritura o cliente passa por várias etapas desconectadas; baixa transparência e dificuldade de comparação das informações, dificultando ao cliente avaliar preços, condições e detalhes técnicos do imóvel; e dependência de deslocamento físico, já que visitas, reuniões e negociações até pouco tempo atrás eram quase todas presenciais.”

A boa notícia, como destaca, é que “nos últimos anos, a transformação digital começou a avançar de forma mais concreta. Ferramentas digitais, realidade aumentada, automação e inteligência artificial já estão mudando a dinâmica de compra e venda de imóveis.” Ele acrescenta que isso trouxe impactos importantes, como “a digitalização dos processos tradicionais com automação e uso de softwares de gestão (ERP e CRM), plataformas online que facilitam anúncios e visitas virtuais em 360º, utilização de inteligência artificial para análise preditiva de mercado e automação de crédito, contratos digitais e assinaturas eletrônicas, big data para monitorar o comportamento dos clientes, blockchain para maior segurança jurídica e até uso de QR Codes para tours digitais.”

Na visão do especialista, “em termos de negócios estas evoluções trazem uma maior agilidade e eficiência no atendimento ao cliente, reduzindo a burocracia e o atrito nas interações, proporcionando uma experiência de atendimento, relacionamento e até mesmo de produto mais diferenciada. Internamente, a adoção destas novas tecnologias traz uma redução de custos significativa em todo processo, gerando maior otimização operacional e economia às empresas.”

Quando questionado sobre como a realidade aumentada, a inteligência artificial e a automação podem acelerar a tomada de decisão do comprador, ele destaca: “essas tecnologias atacam os três maiores gargalos do mercado imobiliário: tempo, informação e experiência. A IA elimina o tempo perdido com leads não qualificados, já que agentes inteligentes conseguem analisar comportamento de navegação, histórico financeiro e preferências para entregar apenas imóveis que realmente fazem sentido. Isso significa assertividade, menos visitas desnecessárias e mais conversões. A realidade aumentada resolve o problema da imaginação, permitindo ao cliente ver como ficaria sua mobília no espaço, testar acabamentos, visualizar reformas, reduzindo a ansiedade e acelerando o fechamento. Já a automação inteligente mantém o cliente sempre informado, trazendo transparência em todas as fases da venda e do pós-venda, com informações sobre financiamento, documentação, cronograma de obra, lembretes e atendimento proativo, gerando mais confiança e fidelização.”

Ele reforça que não basta apenas adotar tecnologia, mas integrá-la de forma estratégica: “a questão não é apenas adotar essas tecnologias, mas como integrar elas de forma inteligente e correta. Muitas empresas já possuem marketing digital mal feito ou usam realidade aumentada como firula sem propósito. O grande ponto é entender a real dor que se busca endereçar. A partir do momento em que se define claramente a dor e a solução a ser entregue, a tecnologia se torna um meio para essa solução. Esse é o segredo do sucesso de quem vem adotando esses recursos.”

Nesse sentido, aponta que “cada vez mais o diferencial real vem da personalização em escala. A IA permite criar experiências únicas para cada cliente desde o primeiro anúncio que ele vê até a proposta de financiamento personalizada. Realidade aumentada bem aplicada resolve objeções antes mesmo delas serem verbalizadas. O maior diferencial, porém, é a credibilidade que a adoção consciente e estratégica dessas tecnologias resulta. O cliente percebe que está lidando com uma empresa que não apenas investe em inovação, mas que está genuinamente preocupada em entregar soluções para as suas dores.”

A inteligência artificial, segundo ele, também é decisiva para corretores e construtoras. “IA transforma dados em insights acionáveis. Enquanto um corretor tradicional trabalha com intuição e experiência, a IA trabalha com padrões identificados em milhares de transações. De um lado, ela analisa grandes volumes de dados comportamento online, histórico de busca, interações em anúncios, padrões de consumo e até mesmo perfil comportamental e transforma isso em perfis preditivos de clientes. O corretor deixa de trabalhar no escuro e passa a saber, com precisão, quais leads têm maior chance de fechar negócio. Do outro lado, a IA acelera negociações, com agentes que pré-qualificam leads, respondem dúvidas iniciais e até agendam visitas automaticamente. Algoritmos de recomendação sugerem imóveis personalizados já no primeiro contato, aumentando a taxa de acerto. Soluções de análise de crédito e contratos digitais reduzem riscos e burocracias, liberando propostas em horas, não em semanas.”
Para ele, o impacto direto é claro: “corretores ganham tempo para atuar de forma consultiva, construtoras conseguem prever demanda, ajustar preços em tempo real e projetar estoques, e clientes vivem uma jornada mais fluida e personalizada. Em resumo, a inteligência artificial transforma dados em clareza e velocidade. Ela mostra quem realmente quer comprar, qual imóvel faz sentido e encurta o caminho entre o primeiro contato e a assinatura do contrato. No fim, todos ganham.”

Por fim, Luciano projeta o futuro do setor nos próximos cinco anos: “vejo um mercado em profunda transformação. De um lado, empresas que usam tecnologia para criar experiências fluidas e inteligentes; de outro, quem não conseguiu acompanhar e permanece no modelo antigo, preso à disputa por preço. A jornada do cliente será 100% digital e personalizada, com visitas físicas como última etapa. Corretores terão um papel mais de consultores do que de vendedores. Construtoras se tornarão data-driven, utilizando big data e IA para prever tendências, definir preços e até co-criar projetos com clientes via realidade aumentada e virtual. E com o blockchain avançando, veremos contratos inteligentes e a tokenização de imóveis, permitindo investimentos fracionados e acesso de novos públicos ao mercado.”

Ele conclui lembrando que “no Brasil ainda é embrionária a utilização do blockchain em toda a jornada de um imóvel, diferentemente de países como a Estônia, onde o processo já é 100% digital. Mas é inevitável que essa realidade chegue aqui.”

3 de setembro de 2025 às 9:00

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