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O comércio brasileiro espera movimentar R$ 9,96 bilhões no Dia das Crianças, em 12 de outubro, um crescimento de 1,1% em relação a 2024, quando as vendas somaram R$ 9,85 bilhões. Caso a projeção da Confederação Nacional do Comércio (CNC) se confirme, será a melhor data da última década, ficando atrás apenas de 2014, quando o faturamento alcançou R$ 10,5 bilhões.

O segmento de vestuário, calçados e acessórios lidera a previsão de vendas, com R$ 2,71 bilhões, seguido por eletroeletrônicos e brinquedos (R$ 2,66 bilhões) e farmácias, perfumarias e cosméticos (R$ 2,15 bilhões). Móveis, eletrodomésticos e supermercados somam outros R$ 1,98 bilhão do total.

Apesar do aumento, o crescimento poderia ser maior se não fosse o cenário de juros altos e inflação persistente. Segundo o economista-chefe da CNC, Fábio Bentes, a combinação de Selic a 15% ao ano e inflação de 5,13% dificulta o acesso ao crédito e força o consumidor a priorizar gastos essenciais. “O juro elevado faz o crédito ficar mais caro e limita as compras financiadas, prejudicando o comércio”, explica.

O impacto dos juros também reflete na inadimplência: 30,4% das famílias estavam com contas em atraso em julho, o maior patamar da série histórica da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), iniciada em 2010.

A inflação específica do Dia das Crianças deve superar o índice geral do IPCA, com alta média de 8,5% em relação a 2024. Alguns produtos registram aumentos expressivos: chocolates (+24,7%), doces (+13,9%), lanche (+10,9%) e cinema e teatro (+10,3%). Já itens-chave como brinquedos (+4,1%) e roupas infantis (+3,3%) apresentam inflação abaixo da média.

Segundo Bentes, os reajustes de produtos como o chocolate refletem o preço internacional das commodities, como o cacau, que impacta diretamente o mercado interno. Ele recomenda pesquisa de preços para que famílias encontrem melhores ofertas.

O Dia das Crianças mantém-se como a terceira data mais importante do comércio, atrás apenas do Natal (R$ 72,8 bilhões em 2024) e do Dia das Mães (R$ 14,5 bilhões em 2025), e deve marcar o início de um período de vendas mais aquecido no varejo, mesmo em meio a restrições de crédito e inflação elevada.

7 de outubro de 2025 às 11:00