Alimentação e cuidado multidisciplinar avançam como aliados no controle da endometriose

A endometriose passou a ser reconhecida como uma condição inflamatória sistêmica

Por Redação 085 - Conexão085

Foto: Divulgação

A endometriose, doença inflamatória crônica que afeta milhões de brasileiras, ainda leva de 7 a 10 anos para ser diagnosticada no país. Enquanto isso, cresce o reconhecimento de que alimentação adequada, exercício físico e acompanhamento especializado formam um conjunto essencial para reduzir dores, melhorar a qualidade de vida e evitar a progressão da doença.

A endometriose deixou de ser vista apenas como um problema ginecológico e passou a ser reconhecida como uma condição inflamatória sistêmica, capaz de afetar não apenas o útero, mas também intestino, bexiga, ureteres, diafragma e até os pulmões. Mesmo assim, o diagnóstico segue tardio. Para a nutricionista Tatiana Brito, especialista em saúde da mulher, esse atraso ocorre porque ainda se naturaliza a dor intensa como algo comum. “Nós, mulheres, somos ensinadas a acreditar que ‘cólica forte é normal’. Isso é um mito perigoso”, afirma. Segundo ela, o sofrimento constante leva muitas pacientes a demorarem anos até buscarem um especialista, período em que a doença avança e compromete a qualidade de vida.

Os sintomas mais frequentes incluem dor pélvica fora do período menstrual, cólicas intensas durante o fluxo, dor na relação sexual — especialmente na penetração profunda —, dificuldade para evacuar, inchaço abdominal exagerado, alteração do hábito intestinal, ardência ao urinar nos dias de sangramento e, em muitos casos, dificuldade para engravidar. Diante de qualquer combinação desses sinais, Tatiana orienta a busca por um ginecologista especializado em endometriose, que irá solicitar exames de imagem de alta precisão, como a ultrassonografia transvaginal com mapeamento e a ressonância magnética da pelve.

Se o diagnóstico avançou, o tratamento também evoluiu. Hoje, é consenso entre especialistas que o acompanhamento precisa ser multidisciplinar, combinando suporte médico, fisioterapia pélvica, psicoterapia, prática regular de exercícios e, sobretudo, alimentação anti-inflamatória — área em que Tatiana tem atuação direta. “O tratamento eficaz deve ser multidisciplinar, focando não apenas na supressão hormonal ou remoção cirúrgica, mas fundamentalmente na modulação dessa inflamação”, explica.

A nutricionista destaca que ajustar a dieta reduz significativamente a dor e melhora a resposta do organismo aos tratamentos médicos. De início, ela recomenda reduzir o consumo de açúcar, farinhas refinadas, ultraprocessados, frituras e gorduras trans, considerados fortes estimuladores de inflamação. Também orienta que muitas mulheres se beneficiam de períodos de teste sem glúten e laticínios, já que essas proteínas podem aumentar a permeabilidade intestinal e intensificar sintomas. A carne vermelha, segundo ela, também merece atenção. “Evitar carne vermelha é uma das principais estratégias para redução do risco à endometriose”, diz.

Por outro lado, a dieta deve ser rica em alimentos frescos, frutas (especialmente as cítricas), verduras, legumes, carboidratos integrais e gorduras boas, como azeite de oliva extravirgem. O ômega-3, presente em peixes gordos e sementes, é um dos nutrientes mais importantes por sua potente ação anti-inflamatória. A hidratação adequada também entra na lista de prioridades e está diretamente ligada ao controle da dor crônica. Em alguns casos, a suplementação de vitaminas D, E e C, além do próprio ômega-3, pode ajudar a reduzir marcadores inflamatórios, sempre com orientação profissional.

Tatiana lembra ainda que muitas pacientes com endometriose apresentam sintomas de Síndrome do Intestino Irritável (SII), condição que pode ser aliviada através da dieta FODMAP, que restringe carboidratos fermentáveis e melhora distensão abdominal, gases e dor intestinal. Por ser uma estratégia complexa, deve ser conduzida com acompanhamento nutricional.

O exercício físico também se destaca como ferramenta terapêutica. A prática regular ajuda a liberar endorfinas, neurotransmissores responsáveis pela sensação de bem-estar, modula níveis hormonais, reduz a inflamação sistêmica e melhora o fluxo sanguíneo na região pélvica, diminuindo tensões musculares comuns em mulheres com dor crônica. “O melhor exercício é o que você consegue fazer com regularidade e prazer”, recomenda Tatiana.

Para ela, o futuro do tratamento da endometriose é promissor, especialmente porque a ciência já avançou no entendimento da doença e na precisão diagnóstica. A linha de cuidado ideal integra ginecologista especializado, nutricionista, fisioterapeuta pélvica, educador físico e apoio psicológico. “A endometriose é uma doença controlável e a mulher diagnosticada pode ter qualidade de vida. O objetivo é recuperar sua saúde e viver sem dor”, finaliza.

30 de novembro de 2025 às 9:00

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