Saudabilidade: ciência e técnica que fazem a diferença na produção da Cheiro do Pão
O segredo dos pães de fermentação natural envolve ciência e técnicas
Por Redação 085 - Conexão085

O segredo dos pães de fermentação natural (levain) da Cheiro do Pão, nicho escolhido pelo padeiro cearense Brunno Malheiros, envolve ciência e técnicas aplicadas a partir de muito estudo. Para extrair os benefícios das leveduras e bactérias lácticas presentes naturalmente na farinha e na água (excepcionais para a flora intestinal), é necessário selecionar os insumos e respeitar o tempo de processo, que pode chegar até 48 horas, a depender do produto. Com melhor digestibilidade, maior aproveitamento nutricional, conservação natural e uma experiência gustativa única, essa tendência vem crescendo não apenas no Ceará, mas no Brasil.
De acordo com Brunno Malheiros, a demanda por pães artesanais foi impulsionada após a pandemia da Covid-19, em 2020, quando os alimentos mais saudáveis passaram a fazer parte da rotina das famílias. “Essa transformação da água e da farinha no pão me encanta desde criança. Mas foi quando eu tive contato com esse nicho da panificação, que entendi a maior riqueza desse alimento milenar”, explica. Os pães de longa fermentação, por conta da presença de lactobacilos, têm vitaminas do Complexo B. Outra função importante é a quebra do ácido fítico, importante na absorção de minerais essenciais. Já o álcool presente nos pães é resultado de horas e horas fermentando a massa.
Para saber identificar o verdadeiro pão de fermentação natural, Brunno Malheiros explica que a casca precisa estar crocante (pode ser mais fina ou mais espessa) e o miolo elástico (levemente gelatinoso, como se houvesse uma umidade). “O ponto alto é a acidez percebida na parte de trás da boca, a depender da receita, do tipo de farinha utilizada e do fermento natural, e faz a gente salivar. Tem que despertar o sensorial”, revela o padeiro cearense. Outro detalhe interessante é que, por não levar conservantes, esse tipo de pão pode vir a mofar após cinco dias em temperatura ambiente. “É para mofar mesmo”, acrescenta Brunno. Por isso, se o pão não for consumido em até cinco dias, o recomendado é levar para a geladeira (prazo de 20 dias) ou congelar em fatias (por 60 dias).
Quando o pão de fermentação natural é armazenado próximo do fogão, por exemplo, há grande possibilidade de ele suar dentro da própria embalagem. É essa água que vai criando umidade e faz o pão mofar. Para manter a qualidade dos seus produtos, Brunno não abre mão dos melhores insumos, importando sempre que não encontra no Brasil. A boa notícia é que aqui no Nordeste, a Vanila Brasil já está polinizando orquídea por orquídea para gerar a fava de baunilha de Madagascar – que são as mais famosas do mundo e reproduzidas também na França. No Sudeste, o padeiro Joze Nilson Diniz produz laranjas cristalizadas no mesmo padrão europeu. No caso da farinha de trigo, a Cheiro do Pão utiliza este insumo da Itália e da França para atender diferentes receitas.
12 de setembro de 2025 às 17:00